sábado, 18 de junho de 2011

Mea culpa

A carência é a mentira mais perfeita
É o prognóstico para qualquer depressão
É o desenho riscado à beira-mar
É o cigarro fumado de madrugada

A carência é a dor e a cura
É a fábrica diuturna de amor
É a canção repetida à exaustão
É o inconformismo para a decepção prevista

A carência é o amor que parte em direção ao desconhecido
É a esperança que se renova
É o pesadelo constante insustentável
É a lembrança da viagem a Valença

A carência está num nome protegido dos deuses
Na melodia da canção dos teus lábios
Nas palavras que proferias
Na fria cama em que tu me amavas

A carência compreende a tua covardia
Tolera tuas desculpas esfarrapadas
Acata tua nova traição
Acalma minha reação intempestiva

A carência não questiona os pecados
Deseja teu bem por me amar
Nega o prazer para preservar-te a vida
Escuta, acalma, aconselha e esclarece

A carência vende os sonhos para compra-te o mundo
Endivida-se para limpar teu nome
Planeja teu futuro deificado
E para sempre me colocará a tua espera.
                                                                                             (Para A.L.T.)

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