segunda-feira, 26 de dezembro de 2011

Valores Imensuráveis




    Estamos inseridos na particular relação que o brasileiro estabeleceu com o twitter. Muito além de avisar que “estou almoçando...” ou “vou dormir bjks!”, esta rede social se transformou na convenção pluripartidária da esquerda e da direita. Debatemos o que esperávamos que a imprensa repercutisse, mas tendo em vista que revistas, jornais, telejornais e sites de notícias não passam de panfletos partidários cabe a nós a malfadada missão. E mergulhamos num mar de acusações patrocinadas, perseguições tendenciosas, investigações e denúncias exclusivas... Veja você! Ministros cassados, verbas da saúde e educação desviadas, privatizações vergonhosas... E a Europa? A crise na Grécia? O Oriente Médio? O tsunami japonês foi Haarp? E os aviões lançando rastros químicos sobre as nossas cabeças, em quaisquer cidades brasileiras? E a Supervia-RJ transportando gado? E o processo de valorização dos imóveis das áreas próximas às sedes olímpicas e da Copa disfarçado de plano de pacificação? Estamos atentos, apesar da apologia da ignorância que tenta nos tragar.
     Mas, o meu telefone tocou, por volta do meio-dia de hoje. Era a notícia do falecimento de um grande amigo: Ricardo Modesto. O tipo de pessoa que tem “Modesto” como sobrenome. Um doce militar, amigo de infância. Não estava nem aí para os indicadores financeiros, para a repercussão do livro do Amaury ou para a saída dos militares americanos do Iraque. Sua vida se resumia em fazer churrascos – sem comemoração aparente, ir à quadra da Mocidade Independente de Padre Miguel e rechear o Orkut e Facebook dos amigos com mensagens positivas e de lembranças. Na verdade, não eram churrascos sem comemoração aparente. Havia a alegria da doce ignorância, se é que você me entende... Ricardo era advogado e militar, tinha o doce sorriso congelado dos incautos. Toda alegria se foi e hoje Ricardo é estatística da violência e/ou imprudência do trânsito brasileiro. Um acidente, um momento e o nada...
     Após todo o desgastante processo fúnebre presto esta singela homenagem. Obrigado por tudo, Ricardo. Principalmente, por me fazer observar o cheiro da chuva que caiu durante o seu sepultamento. Obrigado, pelas lágrimas humanas que derramei, sem nenhuma indignação política. Obrigado, por tudo. Principalmente, por ter percebido o quanto pode ser simples... VIVER!

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